There is a
kind of 3D effect in these projects:
The tools,
the characters, the means used are very much part of the essence of the XXI
century. We
are living it and watching it being lived.
https://www.flickr.com |
Then there
is the thought-provoking use of language and content. It ignites discussions way
beyond the walls of a University or the borders of a country. We can’t help but
feeling we are atoms of the portrayed reality.
These
discussions, triggered by all the provocations on these projects, generate
ideas. These ideas are metamorphosed into different types of actions. These
actions (and even inactions) have impact on things around us and, suddenly, we
can’t help but feeling we are building the portrayed reality.
This is
were 3D changes into reality: projects are yours and suddenly we are also
responsible for them because we too are the students, the teachers and the
citizens. It’s the network society on the move: You are using the machine to
change us and education (us educated) to change the machine.
Here are
the provocations we clearly found challenging:
“The machine is us(ing) us”
Looking at
the web as it stands right now we can clearly understand everything is
virtually there, waiting to come out. Multiple virtual possibilities asking for
multiple uses, challenging our creativity, our intelligence, our critical and
ethical responses.
Can the
machine live without us? Can we ignore it? Can we even live without it?
“A vision of Students today”
The learners’
life experiences defy the status quo of
education. It is quite ironic that the technological reality seems a parallel
world in that traditional classroom the video shows. It is not essentially
about the tools, but about the personal resources to deal with them. Teachers
and learners are responsible for that adjustment: we, as students, need to be
available to deal with new tools in an educational context; we, as teachers,
need to incorporate and learn about them.
Can we keep
building knowledge in a traditional way? Does classical education answer the
network society needs? Isn’t education more than the academic? Why do we still
academically undermine the machine?
“Students helping students”
When people
stop looking at themselves changes happen and it is virtually there, in a
collective movement, society will find ways to move through. This new era is
asking for changes, each one of us is responsible, but we must not work alone.
Isn’t it clear resources, by themselves, are nothing? Isn’t
it clear that the network needs people and solid changes need more than just
me? Isn’t all this a collective task?
“The Machine is (Changing) Us: YouTube Culture
and the Politics of Authenticity”
The machine
is potentially bad and it virtually promotes negative behaviors: egocentrism,
manipulation, inauthenticity, and so on. But the machine is also potentially
good and it virtually promotes positive behaviors: solidarity, transparency,
authenticity, and so on.
It is up to
us, and for us to make the right decisions education has a crucial role. The
machine changes us, but we are the only ones who can change it too.
Isn’t the
machine just another way of being ourselves? Isn’t a positive change completely
dependent on our choices and our uses of the network? Isn’t it the role of
education to make the web a fundamental resource to change the world?
Faced with
your provocations we can’t but to accept the challenge. We’re trying to do or
part…
Equipa Teta
Reflexão Crítica by Equipa Teta
Reflexão Crítica by Equipa Teta
Afinal que sociedade é esta a do século XXI? Que mudanças fundamentais
ocorreram nos ecossistemas em que convivemos? Quem somos em rede? Que alunos
temos? Que alunos somos? Que alterações incorporámos/ temos que incorporar no
ecossistema educativo? Que funções e responsabilidades tem agora a educação e quais
são os seus agentes? Qual é/são o(s) espaço(s) da educação? Enfim, que impacto
tem a rede na forma como pensamos e agimos em educação?
Se habitualmente acedemos a esta reflexão de forma externa, colocando-nos
na perspetiva de observadores e desenvolvendo postulações teóricas sobre o
tema, Wesch propõe outra forma de ler a rede: utiliza as suas ferramentas, as
suas personagens e os seus meios de divulgação numa metalinguagem objetiva que
dá volume e dimensão a estas questões.
Os vídeos em análise, quatro de entre outros realizados por Michael Wesch e
alunos seus, foram produzidos entre 2007 e 2009 e publicados quer na sua página
www.mediatedcultures.net, quer no
YouTube, transportam-nos para esse espaço de reflexão
3D: a comunidade educativa a refletir sobre si própria, a usar as ferramentas
que debate para espelhar as análises e a transportar o quadro conceptual da
rede para que todos reflitamos sobre uma questão que ultrapassa as paredes
brancas de uma escola e a sua estrutura tradicional. Nós também somos rede, nós
também somos aqueles alunos e aqueles professores, nós também aprendemos fora
da escola, nós também somos as comunidades de interajuda e os agentes isolados
de educação.
Michael Wesch, também conhecido como “Profeta de uma Revolução na Educação”,
é um antropólogo cultural que explora os efeitos dos novos meios de comunicação
de massa na sociedade, cultura e educação. É formado na área da Antropologia e
detentor de vários prémios, entre eles “Rave Award Wired Magazine” e “John
Culkin para Outstanding Praxis”.
Em
“The machine is us(ing) us” o professor dá-nos um panorama dinâmico da máquina,
desvanecendo propositadamente os limites do que constitui a própria máquina.
Quer o título, quer o vídeo permitem-nos reperspetivar sucessivamente o
conceito: a máquina é a rede ou somos nós? Nós usamos a rede ou é ela que nos
usa
Interessa iniciar a reflexão neste vídeo na medida em que, na nossa
opinião, este documento estrutura ideias transversais a todos os outros vídeos
e às reflexões que aqui importa fazer. Ao longo do documento ganhamos perceção
de como a máquina (a Internet, mas também nós) é/ somos MULTI. Utilizando
ferramentas digitais, Michael Wesch percorre brevemente a história da evolução
da Internet e clarifica o seu funcionamento, mostrando as suas potencialidades
e questionando permanentemente a audiência relativamente à força motriz que
MULTIplica e concretiza o virtual.
Michael Wesch, dinâmica e criativamente (como a(s) própria(s) máquina(s)),
apresenta-nos uma rede que é MULTI, porque em si tem MÚLTIplos recursos,
MÚLTIplos conteúdos, MÚLTIplas ferramentas e porque virtualmente (no sentido do
virtual de Lévy) permite a MULTIplicação de cada um destes MULTI de forma infinita
e universal. Do outro lado, coloca o responsável por esta MULTIplicidade da
rede: o Eu-indivíduo e o eu-coletivo, o eu MÚLTIplo que somos, a MULTIplicidade
de conhecimentos, ideias, opiniões, valores, etc que transportamos para a rede,
a MULTIplicidade de funções e utilizações que lhe adicionamos permanentemente
num processo versátil e intelectualmente exigente (ou assim se espera).
Pode a máquina sobreviver sem nós? Podemos ignorar a máquina? Podemos,
sequer, viver sem ela? Provocação número um.
Instigadas as reflexões sobre os mecanismos e impactos das ferramentas
digitais, “A vision of Students today” agita o status quo da educação.
Alguns dados provocatórios sobre os hábitos dos alunos recolhidos em inquéritos
levados a cabo por Wesch e as suas turmas revelam o elo profundo entre a
máquina (no sentido de tecnologias da informação e da comunicação) e a vida
pessoal e processos de trabalho. Os dados são apresentados na primeira pessoa,
ironicamente num anfiteatro convencional de uma universidade com a estrutura e
as ferramentas clássicas de aprendizagem, contrastando profundamente o cenário
geral com as reflexões apresentadas que sugerem uma crescente vivência social e
académica ligada à rede. Esta ligação é tal que permite processos de
autoaprendizagem que a educação formal tem descurado profundamente e facilita
uma gestão da informação que faz com que a aprendizagem saia muitas vezes fora
do total domínio e alcance da figura tradicional do educador.
O vídeo sugere que o interesse dos alunos e o percurso das suas
aprendizagens está longe daquilo que é a prática educativa comum e, por isso,
esta está longe de os estimular, preparar, acrescentar ou até acompanhar.
As ferramentas estão lá, estão a ser quotidianamente utilizadas por quem
aprende mas também por quem trabalha. Numa economia do conhecimento podemos
continuar construir conhecimento da mesma forma? A formação clássica responde
às necessidades e interesses da sociedade em rede? Não tem a educação uma
função que cada vez mais transcende o académico? Porque continuamos a olhar com
descrédito a máquina? O facto de os alunos já usarem estas ferramentas
desresponsabiliza os educadores de os preparar para as usarem com verdadeira
validade intelectual, cultural, social e económica? Provocação número dois.
Numa outra abordagem, Wesch provoca reflexões sobre a
dimensão comunitária da sociedade através do vídeo “Students helping students”,
em que alunos da universidade de Kansas ajudam, de forma descomprometida e
criativa, vários colegas da Universidade.
O
resultado obtido quando os indivíduos deixam de olhar apenas para si mesmos, é
a transformação do todo e é nesse movimento que reside, em potência, a mudança
da sociedade.
O
vídeo claramente reflete que o Eu-indivíduo é responsável pela mudança, mas não
o eu-isolado. Cada um MULTIplica a rede, movimentando conteúdos e utilizando de
formas inovadoras as suas funções e, neste processo, EU sou responsável mas não
ajo só, ajo em estrutura social (Castells) e se o fizer em comunidades de
prática mais organizadas (Lévy) mais adiciono e com maior consistência. Se no
vídeo anterior se pensavam os novos formatos de construção de conhecimento e se
impelia à mudança, neste vídeo sugere-se que nada disto acontece sem a
integração da essencial dimensão comunitária que faz funcionar a sociedade.
Não é
evidente que os recursos por si sós não são nada? Agilizá-los na rede envolve
pessoas e torná-los sólidos exige mais que um EU? Tornar a rede um interlocutor
educativo não é também uma tarefa coletiva? Provocação número três.
Na
palestra “The Machine is (Changing) Us: YouTube Culture and the Politics of Authenticity”
Michael Wesch mantém a linha de análise na verdadeira experimentação da rede e
dos seus mecanismos para dar corpo à reflexão sobre as ferramentas digitais e a
sua influência no nosso comportamento.
Recorrendo
aos livros: Brave New World de Aldous Huxley, 1984 de George
Orwell e Amusing Ourselves to Death de Postman Wesch foca a audiência
numa leitura recorrentemente negativa da sociedade mediatizada para nos
transportar para as alterações não menos negativas que as ferramentas digitais
adicionaram à visão da sociedade atual. Wesch insiste na perspetiva de que tudo
indicia que a sociedade do século XXI é individualista, narcisista e
indiferente perante o outro. Socorre-se da análise da evolução do termo whatever
na cultura anglo-americana para comprovar esta visão. Socorre-se da noção de
que é na relação com o outro que nos espelhamos, provando que a rede permite,
de facto, comportamentos egocêntricos, inautênticos e manipuláveis que
adicionam validade à perceção negativa generalizada.
Construindo
com o público um crescendo pessimista sobre a rede (corporizada no YouTube) e
refletindo sobre a forma os novos media constituem as novas formas de nos
conhecermos a nós próprios, surpreende com exemplos que antagonizam com esta
visão do ciberespaço. Prova, com vídeos do YouTube, que o quadro negativo pode
ser contrabalançado pela própria rede: esta permite ligações sem limites,
facilita a livre expressão e permite uma maior desinibição o que, sem dúvida,
pode ligar mais do que distanciar, pode tornar mais autorreflexivo do que
inconsequente e vazio, pode tornar mais todo que só.
De
facto, “The machine is changing us” mas não nos usa simultaneamente para a
mudarmos? Não é esta apenas outra forma de sermos nós? Não poderá residir na
forma como nos apropriarmos das suas ferramentas e dos seus conteúdos o segredo
para que a mudança seja positiva? Não reside na educação esse papel de tornar a
rede o espaço e o veículo para uma mudança de fundo? Provocação número quatro.
Mais que respostas, Wesch preocupa-se em colocar as
provocações certas. Trata de desacomodar-nos, de educar-nos usando a rede e as
suas ferramentas, de infiltrar-nos com o sentido da responsabilidade nesta rede
que, ao contrário do que poderia parecer, não tem no isolamento e no egoísmo a
sua essência. No entanto, fica claro que a máquina pode ficar definitivamente
na sua faceta Mr Hyde se a educação não reconhecer o papel da rede e o seu
papel na rede. O estudo “Apropriação das ferramentas de uma rede social pelos
alunos: um estudo com o SAPO Campus” 1
espelha precisamente isso, é fundamental que os professores “provoquem” (e
Wesch fá-lo tão bem!) nos seus alunos o uso da Web 2.0 para que estes adotem as
ferramentas necessárias para a usar das formas mais diversas e mais
criticamente ativas.
Os vídeos deixam claro que os recursos e as ideias por si sós não mudam
nada e que mudar é mais do que ir de encontro aos interesses dos indivíduos.
Mudar é identificar as necessidades que as novas realidades impõem (o que muito
bem podem incorporar os interesses), percebê-las e incorporá-las. A mudança só
se opera verdadeiramente se for além da mera introdução de ferramentas e se não
se reduzir a ela: mudar implica apropriar-se de métodos, de técnicas, de
competências intelectuais, éticas, culturais, etc. Só a educação pode operar
neste sentido. Só a integração do individual (autoformação) com o coletivo
(comunidades de prática), tem sentido neste novo contexto social. Só a
manipulação das ferramentas da rede prepara para o seu uso.
Fica,
pois, clara a provocação final: não é só a rede como interface educativo que
deve ser perspetivada, é fundamental que também se pense na educação como
interface da rede.
Equipa Teta
1 Oliveira et al
(2014). “A apropriação das ferramentas de uma rede social pelos alunos: um
estudo com o SAPO Campus”, Indagagio Didatica, vol 6, Nº 2, pp159‐172.
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