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sábado, 29 de novembro de 2014

Cibercultura





No âmbito da disciplina de Educação e Sociedade em Rede, foi feita a leitura e reflexão do livro de Pierre Lévy – Cibercultura, e posterior apresentação de três exemplos fundamentados com base na definição do autor de cibercultura.

Inicio esta minha análise com um trecho do livro:

“O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo específica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (Lévy, P 1999, p17)

Segundo Levy, o ciberespaço é o meio da criação da cibercultura. É neste ciberespaço, em que a cibercultura surge e se modifica. É aqui que cada indivíduo (nó) é aceite na rede, podendo desta forma expandir o conhecimento através da partilha de conhecimentos, tornando-se assim produtor de novas informações. Para Levy, nos dias de hoje, é impossível resumir toda a informação que é lançada na rede. Não nos podemos esquecer de que, com a velocidade de alteração de informação que circula na rede, torna-se humanamente impossível recolher do todo, uma amostra do que é mais importante uma vez que o “dilúvio informacional jamais cessará.” Levy, P 1999 (pág. 14)

Neste livro, o autor refere a enorme quantidade de informação que circula na rede como um diluvio informacional. Nunca tinha pensado nisso desta forma, contudo a quantidade exacerbada de informação que circula na rede é de tal forma intensa, que a analogia do autor comparando a quantidade de informação com o diluvio Bíblico faz todo o sentido e é bastante esclarecedora. Mais ainda, o dilúvio que o Autor refere é permanente, logo há que, e passo a citar, “ensinar nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar.” Levy, P (pág. 15).

Vamos então pensar em cada indivíduo como sendo uma arca diferente de todas as que navegam pelo mar de informação. Deveremos então construir a nossa própria arca, filtrando a informação que achamos ser a mais relevante, mediante os nossos interesses pessoais. Neste sentido estamos a pensar apenas como indivíduos meramente consumistas da informação. Por outro lado, o processo de disseminação da informação era algo totalmente da responsabilidade da comunicação social (Televisão, rádio, jornais, etc), contudo, com o surgir e desenvolvimento das novas tecnologias, nomeadamente a Internet, a participação de cada um de nós, na partilha de informação na rede, elevou-se exponencialmente. Logo há que ter consciência, enquanto “nó” gerador de informação.

A liberdade de pensamento enquanto indivíduos conduziu-nos à ideia de que somos nós quem decide qual o rumo que queremos seguir. Somos seres livres de escolher e analisar as nossas próprias ideias.

Segundo Levy, antes de partir para a definição de Cibercultura, há que identificar o meio da sua criação, o ciberespaço. O que é o ciberespaço? Para Levy, este conceito nasceu do resultado do movimento de indivíduos com uma vontade extrema de iniciarem/experimentarem novas formas de comunicação coletiva, diferente da comunicação que já conheciam.

Essa inquietude, este movimento, esta vontade de “viver” novas experiências em novas formas de comunicar, gerou uma abertura de um novo espaço de comunicação, que possibilitou a colocação de questões de uma forma individual, podendo e dando origem a que aos membros deste espaço, pudessem responder partilhando diversas informações originando um pensamento ou conhecimento comum, ie, partilhado. Creio que poderemos dar como exemplo os fóruns de discussão nas diversas plataformas hoje tão convencionais, como Blogs, Facebook, Google +, Twitter etc., designadas como comunidades virtuais.

Por outras palavras, podemos dizer que as comunidades virtuais são locais na internet em que grupos de utilizadores debatem/discutem/trocam informações, criando desta forma uma memória coletiva.

Esta memória coletiva vai crescendo progressivamente através da interação dos elementos/membros do grupo da comunidade virtual. A internet permite esta mesma situação. Nasce então o conceito de inteligência coletiva.

O ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das principais condições do seu próprio desenvolvimento. O crescimento do ciberespaço não determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas fornece a esta inteligência um ambiente propício. A inteligência coletiva acontece quando através das interatividades pelas comunidades virtuais, todos podem dividir, compartilhar conhecimento, pensamentos e diversos outros conteúdos. É a mobilização das competências de todos.

O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos lugares geográficos e da coincidência de tempos, é a interconexão dos computadores e é uma nova forma de interatividade. É onde ocorre a profusão das redes interativas.

“A internet é um dos mais fantásticos exemplos de construção cooperativa internacional.” Lévy, P (pág. 126)

Podemos então afirmar que o crescimento do ciberespaço é orientado por três princípios fundamentais:


  • A interconexão;
  • A criação de comunidades virtuais;
  • A inteligência coletiva.

A interconexão é a capacidade que todos os aparelhos têm de comunicar entre si. Já a comunidade virtual “é construída sobre afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, num processo de cooperação ou de troca” (LÉVY, 1999, p.127)

Quanto à inteligência coletiva é a inteligência compartilhada que surge da colaboração de muitos indivíduos através das comunidades virtuais, sendo esta a grande finalidade da cibercultura.

Podemos então definir ciberespaço como um novo “lugar” de comunicação, de sociabilização e de inclusão, onde as pessoas podem partilhar “inteligência coletiva”.


Bibliografia:



Lévy, P (1999). Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Edições 34





3 Exemplos da Cibercultura:


 As Redes Socias

As redes socias são estruturas sociais virtuais de comunicação que o mundo, de uma forma geral, abraçou fortemente. São um meio de ligação entre pessoas na internet que tem transformado a sua forma de comunicar. Normalmente essas redes sociais têm como objetivo a ligação de pessoas em espaços virtuais, com quem se partilha algum interesse ou afinidade em comum. As redes socias têm sofrido uma evolução avassaladora nos últimos anos de tal forma, que se passou de uma comunicação escrita, para uma comunicação com imagem e som.




 Youtube

O Youtube nasceu em 2005 e é um site de partilha de vídeos.
No youtube, são os utilizadores que criam e disponibilizam on line, os vídeos sobre variadíssimos temas, sendo que qualquer pessoa pode assistir a esses conteúdos, de forma gratuita.
Para além de podermos assistir a esses vídeos, o youtube permite também que os consumidores desses conteúdos comentem as produções disponibilizadas.



Hoje em dia, o youtube é considerado um dos Mídea mais utilizados do mundo. Muitos são os fenómenos que nascem através do youtube. Um bom exemplo desses fenómenos de sucesso é o caso do rapper sul coreano PSY que ganhou destaque no mundo inteiro após divulgar no seu canal do YouTube o clip da música “Gagnam Style”.


E-Commerce (Comércio eletrónico)

Este é um sistema de comércio montado pelas empresas para atender aos clientes através de redes de computadores. Esta nova forma de comercialização dos produtos, veio facilitar a vida dos consumidores em vários aspetos. É um serviço que está disponível durante 365 dias por ano. Para além disso é um serviço que permite ao cliente/consumidor evitar deslocações aos pontos de venda, proporcionando-lhe uma maior comodidade.




1 comentário:

  1. Esta construção pessoal do universal tem um lado curioso. Apesar da torrente ser muito maior e a partilha ter tomado dimensões muito mais abrangentes e diversas do que em eras anteriores, a sensação de contribuição individual é muito maior, não te parece?

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