No âmbito da disciplina de Educação
e Sociedade em Rede, foi feita a leitura e reflexão do livro de Pierre Lévy –
Cibercultura, e posterior apresentação de três exemplos fundamentados com base
na definição do autor de cibercultura.
Inicio esta minha análise com um
trecho do livro:
“O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) é o novo meio de comunicação
que surge da interconexão mundial dos computadores. O termo específica não
apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo
oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres humanos que navegam
e alimentam esse universo. Quanto ao neologismo
“cibercultura”, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais) de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que
se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço.” (Lévy, P 1999, p17)
Segundo Levy, o ciberespaço é o meio
da criação da cibercultura. É neste ciberespaço, em que a cibercultura surge e
se modifica. É aqui que cada indivíduo (nó) é aceite na rede, podendo desta
forma expandir o conhecimento através da partilha de conhecimentos, tornando-se
assim produtor de novas informações. Para Levy, nos dias de hoje, é impossível
resumir toda a informação que é lançada na rede. Não nos podemos esquecer de
que, com a velocidade de alteração de informação que circula na rede, torna-se
humanamente impossível recolher do todo, uma amostra do que é mais importante
uma vez que o “dilúvio informacional
jamais cessará.” Levy, P 1999 (pág. 14)
Neste livro, o autor refere a enorme
quantidade de informação que circula na rede como um diluvio informacional.
Nunca tinha pensado nisso desta forma, contudo a quantidade exacerbada de
informação que circula na rede é de tal forma intensa, que a analogia do autor
comparando a quantidade de informação com o diluvio Bíblico faz todo o sentido
e é bastante esclarecedora. Mais ainda, o dilúvio que o Autor refere é
permanente, logo há que, e passo a citar, “ensinar
nossos filhos a nadar, a flutuar, talvez a navegar.” Levy, P (pág. 15).
Vamos então pensar em cada indivíduo
como sendo uma arca diferente de todas as que navegam pelo mar de informação.
Deveremos então construir a nossa própria arca, filtrando a informação que achamos
ser a mais relevante, mediante os nossos interesses pessoais. Neste sentido
estamos a pensar apenas como indivíduos meramente consumistas da informação. Por
outro lado, o processo de disseminação da informação era algo totalmente da
responsabilidade da comunicação social (Televisão, rádio, jornais, etc),
contudo, com o surgir e desenvolvimento das novas tecnologias, nomeadamente a
Internet, a participação de cada um de nós, na partilha de informação na rede,
elevou-se exponencialmente. Logo há que ter consciência, enquanto “nó” gerador
de informação.
A liberdade de pensamento enquanto
indivíduos conduziu-nos à ideia de que somos nós quem decide qual o rumo que
queremos seguir. Somos seres livres de escolher e analisar as nossas próprias
ideias.
Segundo Levy, antes de partir para a
definição de Cibercultura, há que identificar o meio da sua criação, o ciberespaço.
O que é o ciberespaço? Para Levy, este conceito nasceu do resultado do
movimento de indivíduos com uma vontade extrema de iniciarem/experimentarem
novas formas de comunicação coletiva, diferente da comunicação que já
conheciam.
Essa inquietude, este movimento,
esta vontade de “viver” novas experiências em novas formas de comunicar, gerou
uma abertura de um novo espaço de comunicação, que possibilitou a colocação de
questões de uma forma individual, podendo e dando origem a que aos membros
deste espaço, pudessem responder partilhando diversas informações originando um
pensamento ou conhecimento comum, ie, partilhado. Creio que poderemos dar como
exemplo os fóruns de discussão nas diversas plataformas hoje tão convencionais,
como Blogs, Facebook, Google +, Twitter etc., designadas como comunidades
virtuais.
Por outras palavras, podemos dizer que as comunidades virtuais são locais
na internet em que grupos de utilizadores debatem/discutem/trocam informações,
criando desta forma uma memória coletiva.
Esta memória coletiva vai crescendo progressivamente através da interação
dos elementos/membros do grupo da comunidade virtual. A internet permite esta
mesma situação. Nasce então o conceito de inteligência coletiva.
O ciberespaço como suporte da inteligência coletiva é uma das principais
condições do seu próprio desenvolvimento. O crescimento do ciberespaço não
determina automaticamente o desenvolvimento da inteligência coletiva, apenas
fornece a esta inteligência um ambiente propício. A inteligência coletiva
acontece quando através das interatividades pelas comunidades virtuais, todos
podem dividir, compartilhar conhecimento, pensamentos e diversos outros
conteúdos. É a mobilização das competências de todos.
O ciberespaço encoraja um estilo de relacionamento quase independente dos
lugares geográficos e da coincidência de tempos, é a interconexão dos computadores
e é uma nova forma de interatividade. É onde ocorre a profusão das redes
interativas.
“A internet é um dos mais fantásticos exemplos de construção cooperativa
internacional.” Lévy, P
(pág. 126)
Podemos então afirmar que o
crescimento do ciberespaço é orientado por três princípios fundamentais:
- A interconexão;
- A criação de comunidades virtuais;
- A inteligência coletiva.
A
interconexão é a capacidade que todos os aparelhos têm de comunicar entre si. Já a comunidade virtual “é construída sobre afinidades de interesses, de
conhecimentos, sobre projetos mútuos, num processo de cooperação ou de troca”
(LÉVY, 1999, p.127)
Quanto
à inteligência coletiva é a inteligência compartilhada que surge da colaboração
de muitos indivíduos através das comunidades virtuais, sendo esta a grande
finalidade da cibercultura.
Podemos então definir ciberespaço
como um novo “lugar” de comunicação, de sociabilização e de inclusão, onde as
pessoas podem partilhar “inteligência coletiva”.
Bibliografia:
3 Exemplos da Cibercultura:
As Redes Socias
As redes socias são estruturas
sociais virtuais de comunicação que o mundo, de uma forma geral, abraçou
fortemente. São um meio de ligação entre pessoas na internet que tem
transformado a sua forma de comunicar. Normalmente essas redes sociais têm como
objetivo a ligação de pessoas em espaços virtuais, com quem se partilha algum
interesse ou afinidade em comum. As redes socias têm sofrido uma evolução
avassaladora nos últimos anos de tal forma, que se passou de uma comunicação
escrita, para uma comunicação com imagem e som.
Youtube
O Youtube nasceu em 2005 e é um site
de partilha de vídeos.
No youtube, são os utilizadores que
criam e disponibilizam on line, os vídeos sobre variadíssimos temas, sendo que
qualquer pessoa pode assistir a esses conteúdos, de forma gratuita.
Para além de podermos assistir a
esses vídeos, o youtube permite também que os consumidores desses conteúdos
comentem as produções disponibilizadas.
Hoje em dia, o youtube é considerado
um dos Mídea mais utilizados do mundo. Muitos são os fenómenos que nascem
através do youtube. Um bom exemplo desses fenómenos de sucesso é o caso do
rapper sul coreano PSY que ganhou destaque no mundo inteiro após divulgar no
seu canal do YouTube o clip da música “Gagnam Style”.
E-Commerce (Comércio eletrónico)
Este é um sistema de comércio
montado pelas empresas para atender aos clientes através de redes de
computadores. Esta nova forma de comercialização dos produtos, veio facilitar a
vida dos consumidores em vários aspetos. É um serviço que está disponível
durante 365 dias por ano. Para além disso é um serviço que permite ao
cliente/consumidor evitar deslocações aos pontos de venda, proporcionando-lhe
uma maior comodidade.
Esta construção pessoal do universal tem um lado curioso. Apesar da torrente ser muito maior e a partilha ter tomado dimensões muito mais abrangentes e diversas do que em eras anteriores, a sensação de contribuição individual é muito maior, não te parece?
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